Serviço previa apenas poda. Ação aconteceu um dia após aprovação do Código Florestal
Deveria ser um serviço comum de poda de árvores. Mas não foi bem isso que aconteceu, na manhã de ontem, numa rua residencial do bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Um dia depois de a Câmara dos Deputados Federais aprovar o novo Código Florestal, em Brasília, pelo menos duas árvores foram cortadas por motivos pouco justificáveis no terreno de uma escola municipal. A denúncia partiu de uma moradora vizinha, que não quis se identificar.
O exemplo de descaso com a natureza aconteceu no pátio do Colégio Municipal Visconde de Suassuna, localizado na rua Maria Rita Barradas. Cinco árvores deveriam ser somente podadas, mas uma goiabeira e um coqueiro foram completamente arrancados. Funcionários da escola disseram que, pelo fato de os galhos se projetarem para a calçada, marginais conseguiam escalar os vegetais e invadir o espaço, e que, por isso, teria sido solicitado o corte de ambas. Outro motivo apontado seria a realização de uma reforma na unidade escolar, com a melhoria da iluminação, antes prejudicada pela barreira de folhas que encobria a fachada do colégio.
No entanto, o coordenador de limpeza da Secretaria de Serviços Urbanos de Jaboatão dos Guararapes, Aguinaldo Sena, explicou que não deu autorização para que a ação fosse tão longe. “É comum que as pessoas nos solicitem a poda de árvores quando é para proteger telhados e muros de casas. Mas a autorização que a equipe tinha era só para podar. A erradicação (corte) só poderia ter acontecido com um parecer técnico ou num caso extremo, se alguma árvore estivesse caindo sobre o muro. A empresa (terceirizada que realizou o serviço) errou”, disse, surpreso quando a reportagem da Folha de Pernambuco lhe comunicou a ocorrência.
De acordo com a moradora que denunciou o descaso ambiental, os serviços começaram às 8h e destruíram um patrimônio da própria comunidade. “As árvores eram bonitas, faziam sombra. Não vejo motivo nenhum para cortá-las, ainda mais numa escola. Sou professora e, onde trabalho, incentivo o respeito à natureza”, disse. Ontem, no momento da ação, funcionários e estudantes do colégio observavam, de longe, o serviço.
O coordenador de Limpeza Urbana do município, Aguinaldo Sena, se comprometeu a apurar o erro e garantiu que a empresa terceirizada deve se responsabilizar pelos danos do serviço executado a mais. Já a Secretaria de Educação do município informou que a reforma citada por funcionários da escola foi concluída no início do ano e que, em momento algum, foram necessárias intervenções nas árvores do terreno. Procurada pela Folha, a diretora do colégio preferiu não se pronunciar sobre o assunto.