8 de mar. de 2012

Ato por maternidade, leva 150 mulheres as ruas de Jaboatão

Mulheres protestam contra falta de maternidades em Jaboatão

Apenas 28 leitos do Hospital Geral dos Prazeres são destinados ao atendimento de parturientes








por Damares Romão | qui, 08/03/2012 - 12:4
Foto: Paulo Uchôa/LeiaJá ImagensGrupo pediu maior atenção da prefeitura para as gestantes da cidade

O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, não foi marcado apenas por comemorações e homenagens. Em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), a população saiu às ruas para protestar contra a falta de maternidades no município.
Com 700 mil habitantes, a cidade conta apenas com 28 leitos no Hospital Geral dos Prazeres, destinados ao atendimento de gestantes. Sendo assim, as grávidas são obrigadas a terem seus filhos fora no município. Além disso, nem mesmo o pré-natal é feito em Jaboatão. Segundo a aposentada Eliane Brasileiro, 58, suas duas filhas - grávidas de três e sete meses, respectivamente - foram encaminhadas para realizarem as consultas em hospitais de cidades vizinhas.

Revoltadas com o descaso, cerca de 80 mulheres se reuniram, nesta quinta-feira (8), em frente ao Shopping Yapoatan, localizado na rua Bernardo Vieira de Melo, no Centro da cidade, e seguiram em protesto pela cidade. Durante o percurso, o grupo distribuiu rosas e panfletos para orientar a população a respeito do problema. A caminhada seguiu até a avenida General Manoel Rabelo, onde se localiza o terreno que já abrigou a única maternidade do município – Rita Barrada -, fechada há 12 anos.A situação vivenciada na cidade também foi alarmada pelos dados do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme a pesquisa, 67% das crianças residentes em Jaboatão não nasceram na cidade. Ainda segundo o IBGE, do total de habitantes do município, aproximadamente 370 mil são do sexo feminino.
“Tive o prazer de ter os meus cinco filhos na Rita Barrada aqui em Jaboatão”, revelou a auxiliar administrativa, Cristina Souza Silva, 56 anos. Ela, que também é representante das mulheres da comunidade Rocha Negra – em Jaboatão – não escondeu sua insatisfação em afirmar que seus netos não tiveram o mesmo privilégio dos pais. “Quando olho a certidão de nascimento do meu neto fico triste em ver que ele foi obrigado a nascer em outra cidade”, declarou.
Grávida de sete meses, a dona de casa Elionai Alves Siqueira, 21, enfrenta o dilema e as dificuldades de ter que recorrer a uma maternidade fora do município para ter o seu primeiro filho. “Meu marido está desempregado e no dia do parto terei que ir de ônibus para o Recife”, reclamou. Elionai afirmou estar engajada na luta para ter a satisfação de ver os seus próximos filhos nascerem na cidade em que reside.
A mobilização intitulada “Jaboatão quer ter seus próprios filhos”, foi promovida pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do município. O presidente do partido em Jaboatão, Luiz Carlos Matos, estava presente no protesto e declarou que a ideia da manifestação é promover uma maior conscientização sobre o problema e chamar a atenção do poder público. “Nossa maior preocupação é que com a falta de maternidade daqui há algum tempo Jaboatão não terá mais filhos”, concluiu.
DENÚNCIA – Durante a caminhada, os manifestantes aproveitaram para reclamar da situação das unidades de saúde do município. De acordo com a técnica de fisioterapia, Rose Melo, 56, os Postos do Programa Saúde da Família (PSF) da cidade estão funcionando de forma parcial. “Falta atendimento, profissionais, equipamentos, e com isso nós acabamos sofrendo”, afirmou.
Segundo Rose, o atendimento do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também é precário e lento no município. “Eles demoram cerca de 3 horas pra chegar. Quando chegam ou o paciente foi socorrido por carro particular ou veio a óbito”, relatou. Conforme a técnica de fisioterapia, nos últimos anos não houve avanços no sistema, “e sim regressão”

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